6 de mai. de 2010

Corrida contra o tempo

Com um tumor cerebral, ela quer encontrar a mãe a tempo.

A comerciante Marta Cléria de Lima, 45 anos, procura desesperadamente sua mãe biológica.




Somente aos 17 anos ficou sabendo que era adotada e apartir daí não mediu esforços para encontrar aquela que lhe deu a vida para saber o porque do abandono. Em novembro passado recebeu mais uma notícia que a abalou, exames médicos constataram que tem um tumor no cérebro. “Se o câncer evoluir, o médico me dá só seis meses de vida”, revelou, com olhar triste.

Ela nasceu no antigo Hospital de Pronto Atendimento Psiquiátrico (Hpap), atual Hospital São Vicente de Paula, e  foi registrada pela mãe adotiva, Alzira da Costa Lima, hoje com 90 anos, em 17 de janeiro de 1965. Sobre a  mãe biológica ela só sabe que se chama Nair e que  ficou hospedada alguns dias na casa de um casal de espanhóis, na QSB 16 de Taguatinga/DF. Antes de ir embora deixou um álbum costurado com a foto de um bebê.

Aos 17 anos, quando Narta soube da verdade, ficou revoltada e  abandonou a casa de seus pais adotivos. Ainda no mesmo ano engravidou. Nos anos 80 foi uma das melhores jogadoras de vôlei da seleção brasiliense. Formou-se em jornalismo, contabilidade e turismo.  Por18 anos, assumiu a chefia do Ginásio Nilson Nelson, até ser exonerada, em janeiro de 2007, pelo então governador recém-empossado José Roberto Arruda. “Em 2006, eu descobri um câncer de mama e também tive trombose. Ele me demitiu porque eu estava doente e não servia mais para trabalhar”, deduz ela.

A cirurgia da mama foi bem sucedida mas após alguns meses começou a ter fortes dores de cabeça e o diagnóstico mais uma vez a abalou. “Tenho que fazer quimioterapia constantemente porque, se o tumor estiver evoluindo, não vai adiantar abrir para a cirurgia, porque já estará enraizado. Daí eu posso contar seis meses de vida”.


Como aconteceu.

As histórias sobre sua mãe biológica são controversas. Uma das versões contadas pelo casal de espanhóis, é que sua mãe biológica tinha entre 18 e 20 anos quando a abandonou. A jovem seria casada e o bebê seria de outro homem. Marta, porém, não tem certeza da informação. Outra pista é que a mulher supostamente chamada Nair entregou o bebê para Alzira, que na época sofria de depressão por ter perdido um filho de 14 anos. No ano passado, a comerciante ouviu comentários de que sua mãe biológica esteve em Taguatinga, na CSB 16, mesmo bairro onde a deixou. Nada foi confirmado.  A vizinha espanhola teria garantido que Nair mora em uma fazenda em Unaí (MG). Por causa disso, somente este ano Marta foi três vezes ao local pedir ajuda da prefeitura, do serviço de inteligência da Polícia Militar e do serviço social para localizar a mãeUma busca minuciosa levou Marta a 18 nomes de senhoras com a mesma idade que hoje teria Nair. Ela acredita que a mãe tenha entre 60 e 65 anos. No Distrito Federal, Marta Cléria procurou saber o nome completo de Nair por meio do arquivo morto do Hpap, onde nasceu. Mas até hoje não conseguiu obter a documentação. “Acho que enterram de vez o arquivo morto”, brincou, quebrando um pouco a tensão de falar no assunto. A assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde do DF informou que, para começar um procedimento investigatório do arquivo morto, é preciso haver um pedido formal da delegacia da cidade.
 
“Sinto um vazio dentro de mim. Não tenho raiva dela. Não sinto nada, mas eu gostaria muito de saber como ela é e o que a levou a me abandonar. Preciso saber também se há histórico de câncer na minha família, porque só assim os médicos podem descobrir a origem da doença e eu ter uma chance de vencê-la”.


Infomações
Nome: Marta Cléria de Lima, 45 anos

Reside em Taguatinga Sul/DF
Mãe Biológica: Nair
Foi entregue a um casal de espanhóis que morava na CSB 16 de Taguatinga Sul, Brasília. Eles a entregaram para Alzira da Costa Lima, que a criou.
Nasceu no antigo Hospital de Pronto Atendimento Psiquiátrico (Hpap) e atual Hospital São Vicente de Paula.
Registro: 17 de janeiro de 1965

Contato
Quem tiver alguma informação da mãe de Marta pode ligar para os telefones: 3351-7193 ou 9604-2920 ou deixar recado aqui no Blog.

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